A vida e historia da felicidade de toda mulher preta por um fio
Filmes que abordam
temas raciais ganham força há uns anos na Netflix. A empresa de streaming
cinematográfica vem ganhando força por adotar políticas étnicas raciais
cinematograficamente em algumas séries, documentários e filmes , que me chamam
atenção pelos fatos reais, ora fatos que se assemelham ao real.
É o caso de Felicidade por um fio e Vida e História de Madam
C.J. Walker. Uma é o fato de quase toda mulher preta ter passado e outra é o
fato de poucas mulheres pretas terem passados
ou passam , mas que causa influência para mesmas, a ascensão
em cenário eugênico e aristocrático .
As duas produções da Netflix têm suas particularidades.
Enquanto uma , Felicidade por um fio, aborda temas como prosperidade só após
casamento e competições no trabalho com homens para mostrar que é 3 vezes
melhor, mesmo estar de igual para igual ou com o melhor currículo, como muitas
mulheres de diferentes classes, gêneros e cores sofrem, porém a mulher preta,
eu posso dizer que passa bastante, mostra o triunfo só e apenas só, se estiver
com cabelo alisado , seja no trabalho ou no amor.
O contexto do cabelo alisado da mulher preta como
prosperidade é ponto que intercede com a série Vida e História de Madam C.J.
Walker, onde a mesma começou a sua venda de produtos nas ruas , sendo feitos em
casa. Seu negócio estético capilar cresceu entre as mulheres pretas, porque
inventou algo que nenhuma empresa( na verdade tinha uma concorrente na
história, mas sem contar toda história) vendia produtos para cuidados do cabelo
cacehados e crespos. Foi ela, na história real, que inventou o pente quente,
para alisar os cabelos . Tudo bem que é uma ferramenta que causou estragos aos
cabelos, a mente e talvez a almas, pois ficavam presas a elas, mas é inegável
que a Madam Walker foi a primeira milionária negra da história da sociedade
(capitalista).
O que me deixa mais intrigada é que nas duas produções
abordam exatamente o fato de viver preso aos cuidados do cabelo, agora não
visto mais como cuidados e, sim, como ditadura. Onde, segundo Bell
Hooks, para sermos aceitas como mulheres, precisávamos entrar num padrão branco
e assim poderíamos talvez sermos alguém, um ser humano, para que pudéssemos
pedir algo que gostaríamos ou debater o que sabíamos de igual para igual. O
cabelo alisado e longos por muito tempo foi visto como o símbolo para que
pudéssemos ser sensual e/ou aceita no mercado de trabalho. Isso faz com que ,
nós mulheres, nos sentíssemos ( sentimos, porque ainda há esse preconceito)
preterida.
Ter que trabalhar o auto estima segundo esse contexto
enbraquecido é doloroso, já que temos que lutar para sermos aceitas do jeito
que somos e o que fazemos querendo cacheado, crespo ou alisado e também nossas
qualidades. Lembrando que, também não devemos diminuir uma mulher preta que
deseja alisar ou alisa seus cabelos, mas que lembre que sua raiz de origem
nunca a deixará e isso é o que a torna forte.