RACISMO, TRANSFOBIA E O CINISMO SOCIAL BRASILEIRO

23/01/2022

O racismo, a transfobia e o cinismo social brasileiro foram destaques no Big Brother Brasil. Em menos de uma semana, com procura e audiência elevada, o reality nos chama à responsabilidade de escurecer alguns pontos e de convocar as pessoas para a reflexão. A voz já nos foi dada, é necessário que escutem. E nesse sentido, Linn da Quebrada, vestiu a arte "Monumento à Voz de Anastácia", do artista Yhuri Cruz.

Em 24 horas, a multiartista sofreu transfobia e, ainda, explicou o cunho pejorativo do termo "traveco". Além desse episódio, tivemos a lucidez do Douglas em (re)afirmar que não está lá para educar, como também disse, em outras palavras, que conversar sobre as questões sociais demanda tempo e não podem ser resumidas em poucas frases. Tais fatos partiram das indagações de um homem, branco, hétero e de classe social elevada. O tempo todo, Rodrigo vende uma imagem de uma pessoa "desconstruída" e interessada em aprender com os erros, mas sabemos bem que não há intenção alguma em desestruturar um país racista e que mais mata transsexuais.

Por outro lado, Natália, mulher e preta, teve uma fala infeliz relativa ao genocídio brasileiro que foi a escravidão. Parafraseando Jorge Aragão, o preto de alma branca não é exemplo da dignidade. Não é a primeira e não será a última vez que uma pessoa negra irá reproduzir o racismo. Assim como, a sua fala não reflete as outras vozes. Afinal, pessoas negras possuem pensamentos, abordagens e ações distintas.

Em comum, esses episódios reafirmam o cinismo social brasileiro, que não pode mais ser tolerado. Não é mais aceitável a escusa da história que vem sendo contada de várias maneiras, através do avesso no mesmo lugar, como canta a Mangueira. Em 2022, não se pode valer do desconhecimento de questões sociais, tais como o racismo e a transfobia.

A responsabilidade da história contada não é somente de um processo socioeducativo excludente, é nossa também. Há diversos conteúdos, em diferentes níveis e linguagens, disponíveis. De certo, conhecimento não é sinônimo de compreensão e mudança. A questão é reconhecer que, para determinadas pessoas, não é interessante questionar ou mudar a estrutura que as beneficia.

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